Templo dos orixás

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sábado, 29 de março de 2014

O Cruzamento



Cruzamento

É o cumprimento ensinado e feito pelos Pretos-Velhos.

História: Este antigo gesto surgiu nas tribos africanas, não tendo ligação, em sua origem, com a cruz cristã.

Diz a lenda que o gesto foi ensinado por um escravo negro e velho a um padre romano, seu senhor. Este, mais tarde, tornou-se Papa e instituiu o gesto na Igreja Romana, que é utilizado até os dias atuais: é o sinal da cruz da Igreja Católica.

Por determinação deste Papa, em meados do século IV d.C., a Igreja mudou o formato da cruz, que era em X, para a forma do cruzamento, que é uma coluna vertical e um travessão horizontal. Determinou, ainda, que em todos os túmulos cristãos deveria ser colocada uma cruz, pois, segundo o velho negro escravo, é o sinal que estabelece a passagem de um plano para outro. Escreveu, então, a lenda dos três Reis Magos – onde um deles era negro e muito sábio – em homenagem àquele escravo, e criou a figura de Lázaro cheio de chagas, para adaptar ao Orixá da varíola – criando, assim, o primeiro sincretismo religioso.

Significado: O ato de fazer o cruzamento tem o significado de pedir ao Pai Obaluayiê para abrir o portal sagrado das coisas e deixar de sentir os “pesos” do lado profano da vida.

Assim, quando os Pretos-Velhos vão se sentar, cruzam o banquinho para pedir licença ao Pai Obaluayê para sentar no lado sagrado do banquinho. Quando estalam os dedos no ar, estão pedindo para abrir uma passagem nele para que suas palavras cheguem até os ouvidos das pessoas através do lado sagrado delas. Senão as palavras não chegarão ao lado sagrado do espírito das pessoas e estas não entenderão o real significado do que os Pretos-Velhos querem revelar.

Utilização:

Quando cruzamos a nós mesmos estamos abrindo nosso lado sagrado ou interior para, ao rezarmos, nos dirigirmos às divindades e a Deus através do lado sagrado ou interno da criação. É por isso que fazemos a oração em voz baixa, pois quando estamos no lado sagrado e interno dela (criação), não precisamos falar alto para sermos ouvidos.

Quando estamos diante das divindades, em postura de respeito e reverência, abrimos o nosso lado sagrado para absorvermos suas vibrações.

Em uma situação perigosa ou de algo sobrenatural, estamos fechando a passagem de acesso ao nosso lado interno, para que não entrem em nós e se instalem em nosso espírito e em nossas vidas.

Ao cruzar alguém ou alguma coisa (a si mesmo, outra pessoa, objetos, etc.) deve-se dizer as seguintes palavras:

“Eu saúdo o seu alto, o seu embaixo, a sua direita e a sua esquerda, e peço em nome do meu Pai Obaluayiê que abra o seu lado sagrado para mim”.