Quando surgiu no Rio ao final do século 19, "a religião
brasileira" já misturava teologias. Do candomblé (versão brasileira de
crenças africanas) ela manteve o sincretismo religioso, os paralelos entre
deuses africanos e santos católicos. Para completar, adotou rituais indígenas
já presentes em muitos terreiros e explicou tudo com o espiritismo de Allan
Kardec, recém-importado da França. Dessa junção afro-católico-tupi-espírita
nasceu a umbanda. Para muitos, a data de nascimento é 15 de novembro de 1908,
quando o médium Zélio Fernandino de Morais teria incorporado o Caboclo Sete
Encruzilhadas pela primeira vez. Rejeitado pelos espíritas, que o viram como
hospedeiro de uma entidade inferior, Zélio fundou a primeira casa de umbanda.
A capacidade de absorver elementos como um mata-borrão resulta
em um panteão que parece, sem a menor sombra de brincadeira, o bar do primeiro
filme "Guerra nas Estrelas": seres de toda a galáxia religiosa em
singular comunhão espiritual. É óbvio que um credo de tamanha expansão não
prescinde de Jesus. Cristo é Oxalá, filho de Obatalá, o criador, e se destaca
nos altares. Junto dele estão os orixás, quase sempre na imagem de santos
católicos, e as entidades, espíritos que se manifestam nas giras (principal
diferença para o candomblé, no qual quem desce à Terra são os orixás).
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