O
preconceito decorre sempre da ignorância. Quando conhecemos a razão, o objetivo
e o fundamento de alguma coisa, ela se desvenda aos nossos olhos e nos revela a
sua essência, e aí estamos em condições de compreender. Depois que
compreendemos algo, só continuamos no preconceito se quisermos. Se nos
interessar.
Muitos
dizem que compreendem, mas não aceitam. Se não aceitam, é porque, realmente,
não compreendem. Entendem com a razão, como se somassem 2 + 2. Mas se esse
entendimento não passa pelo coração, o resultado é uma equação fria e
impessoal, onde a resposta surge mais da lógica das aparências do que
propriamente da percepção da natureza das coisas.
Assim é
com a Umbanda, a religião brasileira por excelência e que sempre foi alvo de
todo tipo de preconceito. Muito se tem falado a respeito desse culto e de seus
rituais e, através dos anos, a Umbanda sofreu (e sofre ainda hoje) ataques
veementes por parte daqueles que não conseguem ainda se desapegar de velhos
conceitos.
Se
acreditarmos que tudo na vida tem um porquê, veremos que a Umbanda também tem
os seus motivos. Afinal, Deus é onipresente, e ninguém há de se atribuir o
privilégio de ser exclusivo na transmissão de Sua mensagem, que é a mensagem do
amor. Não só a Umbanda, como qualquer prática religiosa voltada para o bem e o
cultivo dos verdadeiros valores do espírito, está apta a transmitir a palavra
de Deus.
Antigamente,
tratava-se a Umbanda como religião dos pobres e ignorantes, daqueles que, sem
conhecimento ou cultura, buscavam uma saída milagrosa para seus problemas e aflições.
Sem validação científica ou mesmo religiosa, a Umbanda era vista como uma
prática fetichista que oferecia uma solução baseada mais na indução do que na
efetiva resolução das dificuldades. Em troca de agrados, o interessado poderia
obter uma graça ou benesse. E, se conseguia um efeito positivo, isso nada mais
era do que mera coincidência ou resultado de práticas mais seguras, como
tratamentos médicos, por exemplo.
Nada
disso é totalmente errado. A Umbanda é, efetivamente, uma religião de pobres e
ignorantes. Mas é também de doutores e ricos, de brancos e negros, de homens e
mulheres, de enfermos e sãos, de hetero e homossexuais… é, enfim, uma religião
para todos.
Porque
a Umbanda desconhece o preconceito e as diferenças sociais. Nela, há espaço
para todo tipo de gente, para todo aquele que esteja em busca do
autoconhecimento e de uma vida melhor. Sem abandonar a essência da doutrina de
Jesus, adota práticas que vieram dos negros e dos índios, numa clara
demonstração de que todos estamos em busca da mesma verdade divina.
Porque
tudo, em realidade, é uma coisa só. Deus não criou religiões nem fez qualquer
distinção entre as que foram criadas pelo homem. É o próprio homem quem
estabelece essas diferenças, julgando agradar a Deus mais do que o seu irmão, quando,
na verdade, a única coisa que agrada a Deus é a prática constante do amor.
Do amor
decorrem a amizade, o respeito, a compreensão, a caridade, a harmonia e outros
tantos sentimentos nobres. Então, estaremos em equilíbrio com as forças divinas
sempre que imbuídos dessas qualidades. Não importa que religião professemos:
espírita, protestante, budista, umbandista, católica, ou religião alguma… O que
realmente tem importância é com o quanto de amor estamos dispostos a contribuir
para a melhora do mundo. Essa é a verdadeira religião, a única que pode nos
religar a Deus.
Por
isso, devemos nos despir do preconceito e nos permitir conhecer e respeitar
todo tipo de religião. Todas têm alguma coisa de bom. Podem não ser a mais
condizente com os nossos anseios ou com a nossa inteligência, ou com a nossa
sensibilidade. Mas atendem aos anseios, à inteligência e à sensibilidade de
alguém, e quem somos nós para dizer que o que sentimos é onde está a razão?
Sem críticas, preconceitos ou idéias pré-concebidas, todos temos a lucrar
com novos conceitos e novos valores, que, na maioria das vezes, falam direto ao
nosso coração.
Que
aqueles que ainda não conhecem a Umbanda possam desanuviar suas mentes e se
permitir conhecer as suas práticas e os seus fundamentos. Esta é uma
religião que não discrimina, não julga e recebe todos de braços abertos, como
irmãos, filhos e amigos.
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